sábado, 19 de março de 2011

AMOR POR INTEIRO


Amor vadio? . . .
feito cachorro solto na rua?
Amor vadio? . . .
desses que dormem até tarde,
esquecendo a hora do trabalho?
Amor vadio? . . .
solto no ar e na vida,
a cata de bálsamo para alma ferida?

- Amor é sempre amor,
a inexigir definição.
Amor é o que brota de dentro,
que ora aperta,
ora liberta,
outras vezes transborda,
afogando a alma em emoção,
o coração cortado em retalhos.

Outro dia vivi um amor inteiro,
tão atraente e vistoso,
que me deixei tomar,
por inteiro,
num instante glorioso,
em que vulcões eruptaram,
a lua nasceu ao meio-dia,
e até os doentes terminais
do hospital da esquina,
abandoram a UTI
e foram para a rua,
e brincaram,
e cantaram,
deixando pasmos os médicos
e assistentes sociais,
que deles só esperavam ais.

Mas, não é que o amor foi embora,
ou melhor, expulsei-o de minha vida
a ponta-pés,
que nada queria de sério,
que não tive paciência,
nem o talento de decifrar
o intricado mistério
de tão-somente amar,
e deixar-se levar
pelo amor,
como quem boia de costas,
em praia tranquila,
sentindo o sol no rosto,
o reflexo do céu nos olhos;
e, ao som da cantiga das ondas,
tudo o mais
vira resto.

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