"Vitorioso não é o que vence, mas aquele que se levanta diante de uma derrota. A vitória mais difícil é saber perder. A pessoa que perde e não desanima, que não perde a garra e o entusiasmo é a verdadeira vitoriosa, porque possui em seu íntimo a coragem e a dignidade que um dia, a levarão a conquistar aquilo que almeja. Saiba reconhecer nas derrotas um motivo para procurar cada vez mais ir em busca da vitória!"
domingo, 23 de janeiro de 2011
Diagnóstico da Realidade Social de Crianças e Adolescentes em um Município Usuário:
Rubens Cláudio S.
Introdução. 1
Planejamento. 2
Pesquisa de Campo. 2
Processamento dos Dados. 3
Relatório Final 3
Introdução
A formação das Redes de Atenção Social é algo muito novo no País e no mundo, mas não é modismo, veio pra ficar. Vale-se do objetivo comum de entidades que, ao buscarem se articular, passam a trocar conhecimentos e serviços em prol do crescimento coletivo em qualidade e quantidade para os atendimentos das demandas sociais. Uma importante ferramenta favorece o trabalho em Rede: um Diagnóstico da Realidade Social.
Oriundo do grego diagnostikós = capaz de discernir, o conceito de Diagnóstico não chega a ser pergunta difícil, mas vale a pena conferirmos o seu significado nos dicionários:
" conhecimento ou determinação de uma doença pela observação dos sintomas observados;
" reconhecimento baseado num conjunto de sintomas"
Estes conceitos, mais usualmente aplicados pelos serviços médicos, têm também adequação nas ciências sociais. Ao se executar um Diagnóstico num município, faz-se a radiografia momentânea da cidade, visando traçar o modelo médio das condições de vida dos seus moradores. Mais do que isso, um diagnóstico aponta as condicionantes que influenciam o modelo e a qualidade de vida dessas pessoas, suas necessidades e pontos que devem ser reforçados.
Neste artigo, o nosso estudo dirige o foco para um público específico, mas fica patente a compreensão de que para reconhecer crianças e adolescentes devemos ampliar a visão na família e na sua comunidade. Porque não se estuda as condições de vida de uma criança sem considerar o emprego do seu pai, a escolaridade da sua família, o serviço de saúde no seu bairro, por exemplo.
Desde o final da década de 70, por força da necessidade de amparo a países do continente africano, a ONU e posteriormente alguns organismos internacionais como a UNESCO, UNICEF e OMS passaram a adotar apontamentos qualitativos para o padrão de vida das pessoas, os chamados IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. A mensuração dos dados sociais que revelam uma conjuntura passou a interessar os governos, o mercado e a sociedade civil organizada - SCO, o chamado 3º Setor. Hoje, o conceito de IDH encontra larga aplicação em planejamento social, plataformas de investimento e demandas de serviço.
No Brasil, a partir da década passada, especialmente motivado pelos problemas da concentração urbana e a multiplicação dos "meninos de rua", houve um forte incremento de estudos, investimentos e ações voltadas para Crianças e Adolescentes em Situação de Risco Social. A criação em 1990 do ECA - Estatuto da Criança e Adolescente, amparado pela LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social e pela Constituição Federal Brasileira, tem impulsionado as atenções para o cuidado dessa parcela de cidadãos. Isso posto, quando se elabora um Diagnóstico de Crianças e Adolescente para um Município, a parcela daqueles em situação de risco social deve ser considerada.
O que vem a ser risco social? É todo e qualquer fator que expõe a criança ou adolescente à vitimização no desenvolvimento da sua integridade psico-social, segundo os preceitos do ECA: drogadição, exploração de trabalho infantil, abuso e violência sexual, pobreza extrema, negligência doméstica e educacional. Devemos saber que a Lei garante a todas as crianças e adolescentes o direito com dignidade à vida, educação, saúde, moradia e lazer.
Os Índices de Desenvolvimento Humano podem apresentar variações metodológicas, a depender da referência aplicada pelos seus formuladores. Em sua essência, entretanto, para se chegar a um diagnóstico da realidade conjuntural, os chamados fatores sentinela devem ser considerados. São aqueles que impactuam o modus vivendi da comunidade exercendo influência sócio-econômica-ambiental. Além disso, como descreve o Dr. Elvis Bonassa da empresa Kairós Desenvolvimento Social, especialista no assunto, "servem de termômetro para indicar vulnerabilidades na proteção integral de uma comunidade". Exemplos mais usuais de fatores sentinela: concentração urbana, saneamento, escola pública e/ou particular, posto de saúde, transporte, segurança pública, aparelhos esportivos e de lazer.
Como se desenvolve um Diagnóstico? Via de regra, há quatro fases distintas: Planejamento, Pesquisa de Campo, Processamento dos Dados e Relatório Interpretativo.
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Planejamento
A fase de Planejamento é a "alma" do Diagnóstico. É nela que são elencadas as necessidades e o foco. São elaborados os questionários que serão aplicados junto às instituições e entidades, junto às crianças e adolescentes munícipes e, especialmente àqueles em situação de risco social. Exemplifiquemos uma cidade que necessita conhecer a realidade social de suas crianças e adolescentes. Questões básicas, em primeiro lugar: qual a extensão da cidade, sua população, o prazo requerido e os recursos disponíveis, tanto de pessoal para o trabalho, quanto financeiros, para o custeio dos trabalhos? Explica-se: quanto menor o tempo requerido, quanto menor o apoio material, como transporte, instalações e pessoal, maior será o prazo de conclusão dos serviços...
Depois vem as fontes de informação primárias: quem fornece os dados sobre educação no Município? e dados de Saúde? Assistência Social? Transporte? Segurança? Infra-estrutura Civil? Há dados de emprego e renda? Há Conselho Tutelar no Município? Conselho de Direitos da Criança e Adolescente? Ministério Público? Juizado da Infância e Adolescente? Perceba que ao diagnosticar, retratamos o alcance dos aparelhos sociais de um Município, espelhados nos diversos bancos de dados multisetorizados.
Um bom questionário a ser aplicado junto às entidades busca levantar: dados cadastrais da entidade, sistemática de planejamento operacional, condições gerais quanto às instalações físicas, tipologia de atendimento e intervenção dos seus profissionais.
Para questionar crianças e adolescentes, um bom formulário deve levantar dados de identificação, perfil de moradia, padrão de vida, aspectos relacionados a educação e saúde, bem como sentimentos e expectativas de vida. Àqueles em situação de risco, sugere-se colher informações de vínculo familiar, atividade, tempo de rua, modos comportamentais, etc.
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Pesquisa de Campo
Fase de aplicação dos questionários. No caso das instituições e entidades, é ideal que sejam visitadas todas as possíveis: aquelas cadastradas, conhecidas e as que serão descobertas, num processo de "varredura" por toda a cidade. As fontes para essa prospecção podem ser lista telefônica, pesquisa em associações de bairros, igrejas, sindicatos, etc. Haverá boas surpresas nesse trabalho. Muitas ONGs desenvolvem bons trabalhos à revelia do conhecimento do poder público, quase sempre faltando-lhes preparo técnico e funcionando como verdadeiras ilhas, desligadas do mundo. Muitas vezes falta-lhes também noções de marketing, o que lhes priva do apoio da iniciativa privada... Surge a excelente oportunidade de conhecê-las e tentar mudar essa relação, num processo de articulação. É oportunidade de mapear as entidades que desenvolvem projetos sociais de interesse do município. Também os aparelhos sociais como escolas, postos de saúde, creches, serão "ouvidos". Boas surpresas podem surgir...
A aplicação dos questionários junto aos usuários se dará por amostragem. O critério estatístico mais apropriado visando garantir uma estratificação válida é o de entrevistar crianças e adolescentes em proporção ao universo de atendimentos da entidade, do setor censitário ou do bairro. A amostragem em número de 2% permite um resultado com validade, ressalvando a possibilidade de maior precisão se, num maior esforço, puder ser atingido o índice de 5%. Uma boa idéia é contratar estudantes dos últimos períodos de Serviço Social para tal serviço de entrevistas, devido à sua forte disposição e "olhar sensibilizado" para a causa.
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Processamento dos Dados
Base de tabulação de todo o objeto da pesquisa. Os resultados para as respostas de perguntas objetivas, são facilmente apresentáveis em estatísticas. As respostas comentadas para perguntas subjetivas devem ser tipificadas (agrupadas em significados similares) e também apresentadas em estatística. O resultado do processamento, que é eminentemente técnico, apontará números para elaboração do relatório conclusivo.
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Relatório Final
É a interpretação de todo o trabalho até então realizado, para o qual se sugere a contratação de consultor especialista. Isso porque ao levantamento verificado serão aplicados conceitos acadêmicos e sociológicos, numa visão sensibilizada, preferencialmente pelo Serviço Social. O bom relatório culmina em recomendações de ações políticas que envolvem soluções de problemas, articuladamente.
O resultado final de um Diagnóstico consegue:
· Mapear as instituições e entidades que desenvolvem programas e serviços voltados para atendimento de crianças e adolescentes;
· Conhecer a infra-estrutura física e material das entidades, inclusive para uso de informática, bem como seus recursos de pessoal.
· Identificar os programas e serviços desenvolvidos para este público-alvo;
· Levantar a capacidade de atendimento de cada entidade e o total de pessoas atendidas;
· Caracterizar os usuários atendidos nas entidades assistenciais quanto à faixa etária, sexo, escolaridade, renda, infra-estrutura de moradia, etc.
· Identificar a demanda reprimida por serviços de atenção a crianças e adolescentes em situação de risco;
· Identificar crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social: quem são, quantos são e onde estão.
· Levantar dados que caracterizem o sentimento de crianças e adolescentes em relação ao ambiente institucional e familiar e aos riscos a que estão expostos.
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