domingo, 17 de julho de 2011

RESUMO DO FILME O SORRISO DE MONALISA

O filme retrata as dificuldades encontradas por todos aqueles que resolvem se opor às regras estabelecidas. O exemplo vivido pela personagem Katharine Watson (Julia Roberts) em O Sorriso de Monalisa, pode ser comparado às dificuldades e preconceitos que todos os que partem para um confronto direto com o conservadorismo encontraram, encontram e encontrarão. Bill Gates, por exemplo, foi ridicularizado em público ao declarar que suas intenções e objetivos estavam baseados, unicamente, na hipótese de que todos os seres do universo poderiam se interligar instantaneamente por meio do que chamou de big city (grande cidade), ou, uma rede universal de computadores. Os conservadores que imaginavam serem estas, propostas extremamente ousadas e de impossível realização, são obrigados, hoje, a admitirem que estavam errados, enquanto nós, pessoas que vivenciamos as conquistas do Sr. Gates a cada dia, ridicularizamos os que o ridicularizaram. Mas e se fossemos nós os detentores de todo o conhecimento sobre informática em 1980, ano em que Gates pronunciou seus ideais cibernéticos, o que pensaríamos desse enunciado inovador? E se fossemos nós, diretores ou alunos da escola Wellesly na década de 50, e nos deparássemos com uma professora que não seguia as normas estabelecidas, agiríamos de que maneira? E hoje, diante das inovações implantadas na disciplina de Leitura, Prática e Produção de Textos, em que o aluno está dispensado das tradicionais, conservadoras e antigas provas bimestrais, agimos como? Será que todos os colegas concordam com a inovação, ou apenas aceitam porque seguem um conservadorismo maior, o de que não se discute as regras ditadas pelo professor? Ou será que só concordam porque entendem que dessa forma a aprovação será obtida com maior facilidade? O que não podemos é criticar atitudes de determinado período histórico, como o da emancipação feminina da década de 50, com os olhos voltados unicamente para os dias de hoje. Se o interesse da escola, retratada no filme, é o de preparar as alunas para um futuro “feliz” ao lado de seus maridos, devemos inicialmente pesquisar, com nossas mães ou avós, que vivenciaram esse período, para descobrirmos o que realmente seriam interpretadas as idéias que ousassem desafiar essa tradição pedagógica. Tirarmos conclusões precipitadas, baseadas unicamente no roteiro de um filme que, sequer, demonstrou-nos a repercussão dos atos da professora Watson na sociedade da época, mantenedora do colégio, não pode estar correto. Será que a escola não foi punida pela sociedade? Será que os pais, ao saberem das novidades “permissivas” de certa professora, continuaram a mandar suas filhas para lá, mesmo correndo o risco de verem-nas separando-se dos maridos? Ou será que a escola se tornou um sucesso nacional? Imaginar que haja, hoje, mulheres dispostas a abandonarem suas carreiras para conduzirem unicamente os trabalhos domésticos e, assim, satisfazerem os desejos de seus maridos é quase impossível. Já, na década de 50, isso seria extremamente comum, pois nem a idéia de carreira profissional feminina existia. Contextos diferentes causam interpretações diferentes. Não podemos analisar criticamente um período, do qual pouco conhecemos, ou sequer contextualizamos corretamente, sem cometermos o pecado de darmos a luz a um texto desprezível. Contudo, proponho que façamos um exercício de imaginação. Imaginemos que hoje se apresente a UFT um professor inovador, que exija que todos os homens se tornem gays, pois assim serão mais sensíveis e eficazes no aprendizado. Deverá a reitoria acatar a idéia inovadora do professor só porque ele estudou em São Francisco e, portanto, está mais bem informado sobre as conquistas gays? Ou deverá a reitoria obrigar o professor a abandonar sua idéia, pois poderá ser, inclusive, processado pelos pais machistas e conservadores dos alunos? Imaginamos também que, daqui a 50 anos, fique constatado que ele estava certo. Como seremos nós, alunos, professores e dirigentes da UFT, retratados no filme que farão sobre esse professor inovador? Será que os roteiristas se preocuparão em retratar nossa realidade adequadamente ou, como em O Sorriso de Monalisa, centralizar-se-ão apenas nas dificuldades encontradas pelo referido e audaciosos mestre, diante de tantos conservadores e preconceituosos que existiam em Palmas em 2006? Concluímos então que o filme não fez justiça aos diretores da escola Wellesly e nem as alunas conservadoras. Usaram-se, covardemente, do artifício da hipótese comprovada. Sabem que a emancipação feminina hoje é aceita pela sociedade como conquista da humanidade e, então, enfocam os que se opuseram a essa hipótese como se todos fossem “bandidos” mal intencionados, que serviram unicamente para atrapalharem o serviço dos “mocinhos” inovadores e cheios de boas intenções. Mesmo assim, é um bom filme.

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