segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Eu não sou eu.


Entre a sensualidade da água
vibra uma distância que chora.
A luz é sublime e a noite não sabe
que no alto do granito
o sangue atormenta a bondade
entre a vida e a morte.
A morte é certa quando respiramos,
mas seu peso é mais que o mundo
quando amamos.
Aqui, por cima da máscara
que uso nas horas sociais,
tudo condiz com a beleza da noite.
O mar brilha como romance
de eterno amor.
A espuma branca, luz na noite,
acaricia pequenas dunas de areia.
Ao fundo tudo é para contar
como se o grito não existisse.
Esqueço as espadas da vida
e sorrio com esforço.
Afinal, o assédio da morte
tem pouco tempo.
A vida e a esperança
conquistaram-na por enquanto.
Estou no meu silêncio só.
Na porta ao lado dormem corpos
de crianças que foram.
Talvez sonhos os afastem
do meu sorriso postiço.
Lá no fundo sabem
que eu não sou eu.
Sou fuga fracassada
da dor que combate,
num abrir e fechar de pálpebras,
a pressa da morte.


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