sábado, 14 de janeiro de 2012

Relacionamento Interpessoal: Culpa

 (Rel. Interpessoal) ·  

Um erro é descoberto no setor em que você trabalha. Além de você, mais duas pessoas são chamadas a responder por esse erro. Você é novo no setor e, ainda, está aprendendo a desenvolver suas tarefas. Quando a falha é apresentada, você reconhece seu errou e por sua causa a empresa perderá recursos financeiros. 
Você e seus colegas serão penalizados. Diante de uma situação como esta, o que você faz? Como se sentiria, sabendo que cometeu o erro? E se não tivesse sido você o responsável pelo erro, como se sentiria? Qual a sua reação e sua atitude?
É comum ouvirmos relatos de situações similares a esta. E na maioria das vezes o desfecho é sempre o mesmo.
 A culpa é depositada total e integralmente sobre aquele que cometeu o erro. Ainda mais se a situação for apresentada como no exemplo acima: onde, “o novato” é responsável direto pelo erro. Na maioria das vezes, o erro é corrigido e os envolvidos são penalizados. Cada um volta ao seu posto de trabalho e aparentemente tudo parece voltar ao normal. Aparentemente. Mas quando o assunto é relacionamento interpessoal a questão não se resolve tão fácil assim. Além do erro, do prejuízo financeiro, do desgaste e do estresse causado pelo problema – que precisam ser administrados pelos envolvidos – um sentimento, ainda mais prejudicial, deve ser compreendido e administrado: a CULPA.


Como aceitar, administrar e reagir a este sentimento de “culpa”? O que ela causa na pessoa que a manifesta? Como reagimos se temos ao lado alguém que enfrenta esse sentimento? Na verdade, muitas vezes, temos agido mais como peso do que como auxílio. Permita-me utilizar um texto bíblico para desenvolvermos este assunto:
“E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; …e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim… E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me… Então, disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.” (Gêneses 3:8 a 13)
Através deste texto clássico, podemos perceber que nos seres humanos, na grande maioria, ainda não estamos plenamente preparados para aceitar facilmente a culpa. Por isso administramos de maneira errada esse sentimento, reagindo e prejudicando a nos mesmo e aos outros.
Como aceitar, administrar e reagir à culpa
Na citação bíblica acima, podemos perceber que nossa primeira reação ao nos sentirmos envolvidos pelo sentimento de culpa é o desejo de nos esconder, ou encobrirmos o fato, seja ele qual for e de quem quer que seja.
Isso porque, da mesma forma como ocorreu com Adão e Eva, ocorre também conosco: sentimos medo. “Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi…”


Esse medo é motivado pelo fato de sabermos que erramos e seremos repreendidos. Por isso, tende a aumentar quando começamos a considerar as consequências que virão sobre nós e os demais envolvidos em decorrência do problema gerado. Por isso, temos a tendência de considerar a fuga ou esconder o que fizemos como sendo a melhor saída. No entanto, o correto a ser feito nessas circunstancias é aceitarmos a culpa. Se nós somos responsáveis pelo que ocorreu, temos que ser sinceros e honestos o bastante para assumirmos o erro e enfrentarmos suas consequências, por mais terríveis que possam parecer ou ser. Buscarmos os meios para repararmos o erro e reagirmos positivamente diante do ocorrido deve ser sempre nosso primeiro passo.
O que este sentimento causa à pessoa?
Como vimos à cima, o sentimento de culpa tende a nos causar medo, mas além dessa reação outra emoção nos alcança: a vergonha. Tendo sido descoberto o erro ou mesmo enquanto desconhecido por outros, a vergonha por termos cometido alguma falha toma a nossa mente pesada, altera nosso humor e modifica nosso comportamento. Três características que dificilmente conseguimos esconder, pois tendem a se tornarem visíveis e passam a ser notadas pelas pessoas que nos cercam.
Podemos ainda dizer que esse sentimento, “vergonha” antecede o sentimento do “medo”, pois ao nos sentirmos envergonhados pelo que fizemos ou deixamos de fazer, nos sobrevém o medo de sermos descobertos, repreendidos e julgados.
Além da vergonha e do medo outro sentimento manifesta-se em situações como estas: a tristeza. Isso porque, em parte conhecemos e imaginamos quais poderão ser as consequências que serão aplicadas a nós e aos outros profissionais envolvidos. No ambiente de trabalho, palavras como cooperação são amplamente pregadas, mas pouco ou quase nada se coloca em prática. Desta forma, a pessoa que por determinado momento venha envolver-se em algum tipo de erro que desenvolva o sentimento de culpa, tende a reagir de duas formas: consigo mesmo e com os demais.


1 – O individuo que se sente culpado dente a se envergonhar, ter medo e se torna uma pessoa insegurança. Perde a autonomia e chaga a se desmotivar.


2 – De igual maneira, o indivíduo tende a crer que os outros começarão a vê-lo como uma pessoa que inspira pouca confiança, é incapaz, incompetente e inferior.
Nos dois casos a solução é aceitar o erro e saber administrar a culpa, utilizando-a como fator motivacional. Uma vez reconhecendo o erro, dali para frente, o profissional fará o que é certo.
Como devemos reagir se, ao lado, alguém esta enfrentando esse sentimento?
Não sei se você deparou-se com uma situação como esta. Mas tendo ou não enfrentado tal circunstância, pense bem e não aja como agirão Adão e Eva.
“A mulher que me deste por companheira ela me deu da árvore, e comi,… E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”.
A culpa provoca uma reação aparentemente automática e, na maioria das vezes, nos leva a reagirmos de modo a “colocá-la” em outra pessoa ou, então, justificar o próprio comportamento com algum tipo de argumentação. Sigmund Freud chama essa reação de “projeção” e afirmava que as pessoas projetam sua culpa sobre os outros ou sobre as circunstancias, para aliviar o fardo da culpa. Essa “projeção” é considerada um mecanismo de defesa.
 Ou seja, o culpado defende-se lançando sobre o outro a culpa que ele mesmo deveria assumir. Já esteve, alguma vez, diante de um fato como este?


O ato de lançar a culpa sobre os outros não contribui para a melhoria das relações interpessoais e constitui uma barreira para a solução do problema. A verdadeira solução consiste em aceitar a plena responsabilidade pelas próprias ações e buscar meios para corrigir e evitar que tais erros voltem a ocorrer. Nessas situações, ainda que aparentemente não pareça ser a melhor opção, se valer da sinceridade, da ética e da honestidade pode tornar uma tempestade em uma calmaria, além de ser o correto a fazer.
Formas de transformar a culpa em recurso positivo
Para transformarmos o sentimento de culpa em um recurso positivo para as partes envolvidas, precisamos dar o primeiro passo antes mesmo que esse sentimento seja manifesto, ou seja, antes que o erro venha a ocorrer. E isso é tarefa do líder, superior ou encarregado pela orientação dos indivíduos recém-chagados no ambiente corporativo.
Tomemos como exemplo a situação a seguir. Um novo membro é engajado à sua equipe de trabalho. Estando sob seus cuidados, você deve certificar-se de que valores como: confiança, empatia, atenção, perseverança e espírito de equipe sejam apresentados e praticados por aqueles que receberão esse novo membro, além de oferecer ao novato a devida orientação sobre cada uma das tarefas a serem desempenhadas por ele.
O segundo e o último passo são: uma vez manifestado tal sentimento, por ocasião de um erro cometido por esse novo membro, deve-se motivá-lo usando como base os mesmo valores apresentados e praticados antes o fato ter ocorrido. Isso fará com que a culpa se transforme em confiança e o erro em um ponto de partida para um novo começo e não um ponto final.
Muitas vezes nos comportamos como pessoas compreensivas, atenciosas e profundamente empáticas com todos. Mas quando algo de errado acontece, somos os primeiros a darmos um passo à frente, não para ajudar ou ser solidário, mas sim para deixar claro que nos não participamos do ocorrido. Pense nisso!
Um forte abraço e fique com Deus!
Vitor de Oliveira Ribeiro para o RH.com.br - 
Técnico Contábil, e Auxiliar em Recursos Humanos em empresa de assessoria empresarial, palestrante em Motivação e Qualidade de Vida cursa o 1º semestre no curso de Tecnologia de Gestão de Recursos Humanos.
|

Nenhum comentário:

Postar um comentário